21 de Janeiro- Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa
Campanha com direito a Novos Outdoors ganha as ruas de Fortaleza
Não são apenas os membros da Igreja Evangélica Comunidade Cristã Nova Esperança, de Fortaleza/CE, que vêem sofrendo discriminação, por aceitarem sem qualquer restrição, fiéis declaradamente homossexuais, senão também que existem casos em que são as Igrejas a patrocinarem, incentivarem e pregarem a discriminação contra aqueles que ousaram sair, ou foram expulsos, dos seus quadros de fiéis.
Me refiro às Testemunhas de Jeová que, de maneira sistemática, e sem qualquer receio, pregam abertamente entre os seus fiéis, que todo aquele que tenha integrado os seus quadros, e tenha saído, deverá ser totalmente ignorado, não podendo sequer ser alvo de um simples oi, o que se estende inclusive aos membros de sua família, que limitar-se-ão a tratar com o ex-membro, apenas questões imprescindíveis.
Uma publicação oficial das Testemunhas de Jeová, qual seja, o livro “Mantenha-se no Amor de Deus, em sua página 207, dirigida aos membros de tal denominação religiosa, afirma com todas as letras que “…Não nos associamos com desassociados quer para atividades espirituais quer sociais…”, numa clara incitação pública à prática do crime de discriminação religiosa, previsto na Lei Federal 7.716/89, ordem que periodicamente é repetida nas revistas A Sentinela, como por exemplo a nº 01, de Janeiro de 1982, entretanto uma luz parece ter sido acendida no fim do túnel. É que o Ministério Público do Estado do Ceará, comungando do entendimento de que lideranças das Testemunhas de Jeová estão sim a praticar crimes, ofereceu Denúncia contra duas dessas lideranças no Ceará, em posicionamento que vem sendo aplaudido em todo o Brasil, não apenas pelo ineditismo, mas, principalmente, pelo atento observar dos membros do MP do Ceará, que não relutaram em acionar o Poder Judiciário, pedindo a condenação criminal daquelas lideranças, o que repercutiu no âmago da pessoa jurídica que comanda as Testemunhas de Jeová (Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados).
A questão encontra-se no Superior Tribunal de Justiça, já que a Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Ceará, não concordou com uma decisão do Tribunal de Justiça Cearense, que ordenara o trancamento da ação penal, recorrendo para aquela Corte Superior, o que vem causando certo alvoroço entre os membros das Testemunhas de Jeová, já apavorados com a remessa a julgamento pelo Tribunal do Júri, em São Vicente/SP, dos pais de uma adolescente de 13 anos de idade, que morreu por não lhe ter sido permitida uma transfusão de sangue.
O Estado, os Sindicatos, a mídia, enfim, a sociedade civil brasileira, haverão de atentar para um fenômeno que vem se expandindo pelo mundo, qual seja, a assunção ao poder de lideranças religiosas, que sob a alegação de que são diretamente dirigidos por Deus, estão a praticar atentados, seqüestros, enfim, toda sorte de violência, em nome da fé, da religião, enfim, de Deus, num verdadeiro insulto à inteligência das pessoas, não havendo dúvidas que tais práticas, no início, resumiam-se a discriminações diversas, indo numa crescente até o domínio daqueles Estados, por lideranças religiosas.
As Testemunhas de Jeová são obrigadas a ignorar o Estado, posto que não podem cantar o hino nacional, prestar homenagem à bandeira nacional, prestar o serviço militar, senão que difundem a idéia de que irão “governar o mundo ao lado de Jeová”, expressão esta que vem sendo entendida ao pé da letra por muitos de seus seguidores, o que evidentemente precisa ser melhor observado pelos membros do Ministério Público, Brasil afora, como aliás, já vem fazendo o MP cearense, reconhecidamente pioneiro em muitos assuntos de interesse da comunidade.
Mas entendemos que a sociedade civil, até por um dever cívico, deve colaborar na divulgação desses abusos, o que nos motiva a lembrar que o próximo dia 21 de Janeiro, por força da Lei Federal 11.635/2007, quando se comemora o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa em Fortaleza, mais uma campanha ganha às ruas com novos outdoors com intuito de denunciar a desassociação das Testemunhas de Jeová, de uma forma mais explicativa. Também será realizada uma grande passeata pelas ruas de Fortaleza, saindo da Praça do Carmo às 16:00h. e seguindo até a Praça do Ferreira, com o apoio de várias religiões de matrizes africanas que também sofrem, seus integrantes, de preconceito religioso, e de entidades da sociedade civil que atuam nesse campo. Esse movimento será repetido em várias partes do mundo, já que muitas entidades estrangeiras, mesmo à distância, estão a apoiar o movimento brasileiro contra a desassociação que nasceu no Ceará.
Sebastião Ramos – Funcionário Público Federal na UFC – para Agência São Joaquim Online